quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Apenas um sonho



Poucas vezes na vida tinha vivido algo assim. Os assuntos simplesmente afloravam, a empatia ficava maior a cada minuto. Teve vontade de conhecer e escutar tudo de sua vida, tudo o que ela tinha pra contar.

Passou por uma fase que apenas olhá-la já era suficiente. Estava fascinado. Não que fosse algo novo, mas era completamente incomum depois de certo tempo.

Tornaram-se amigos, depois um pouco mais. Contou a ela muito de sua vida, todas as emoções, os fantasmas, seu jeito de pensar, como as coisas funcionavam, e como ele reagia. Confiou muitos de seus medos e inseguranças. Ouviu dela segredos; alguns a fizeram chorar, outros simplesmente despertaram um sorriso. Nada do que faziam juntos era incômodo, chato ou repetitivo. Era simples. Apaixonou-se.

Pra ele, ela era tão importante... Fez com gosto tudo aquilo que pudesse agradá-la, isso lhe fazia muito bem. Recados especiais, comidas favoritas, preocupação quando não estava tudo bem. A cada passo seu envolvimento aumentava. A paixão também. Era como em um sonho.

Talvez tenha percebido que sonhava quando viu que tudo ia muito bem. Colocou seu coração à prova e o entregou. Notou que o sonho era mais dele do que dela. E que, como em todos os que já teve, um dia ele acabaria.

Acabou.

Restou despertar. E guardar apenas as lembranças boas, intensas e libertadoras que teve. Porém, como em todos os sonhos, seriam efêmeras, quase turvas, voláteis.

Era agora o momento de manter-se acordado e esperar que, quem sabe um dia, uma nova paixão o fizesse voltar a sonhar. Dessa vez para sempre.