sábado, 29 de junho de 2013

3 palavras

E pra você, que assim como eu, ainda não encontrou o que estava procurando, 3 palavras pra que tudo fique bem: 

Foco, paciência e amor!



sexta-feira, 28 de junho de 2013

Marcelo Prisco


Quando somos crianças, escolhemos alguns “heróis”. A primeira escolha é sempre pelos pais. Porém na maioria das vezes elegemos também alguma outra pessoa próxima como exemplo de vida, em nossa fase criança/adolescência.

Meu primo Marcelo foi um deles, e um dos mais especiais. Talvez pelo fato de ser 11 anos mais velho do que eu, o que para uma criança de 9 ou 10 anos é algo realmente fascinante. Afinal, fazer coisas de “velho” é aquilo que tudo que uma criança quer nessa idade.

O cara era realmente diferente. Primeiro que sempre levava um sorriso no rosto (e não falo isso apenas como um clichê, era realmente verdade). Acho que nunca o vi de cara fechada, nem em momentos de dificuldade. Incrível como uma simples música no rádio do carro em um passeio podia tornar-se uma festa.

Essa vontade de ser feliz era tão contagiante que era quase impossível não sorrir. E, quando isso não acontecia, seu esforço era grande pra não nos deixar abatidos ou tristes. Desde um presente de sua coleção pessoal de chaveiros até uma ida a Santos apenas para tomar uma banana split (ou duas...).

Conversávamos sobre os filmes da época, que na maioria das vezes viravam uma explicação e uma discussão intensa sobre as pessoas e a vida em geral, sobre as milhares de idéias que queria executar, sobre a carreira que eu deveria seguir (meu curso de engenharia deve-se muito a isso...) e tudo aquilo que deveríamos seguir para ser feliz.

Acho que o momento mais engraçado dessa convivência foi na época de sua candidatura a vereador, em sua cidade natal, Ribeirão Pires. Não consegui até hoje esquecer o carro da campanha, o mais podre do mundo, das pessoas que reclamavam e ele retribuía com um sorriso, e do dia da eleição, quando passamos o dia entregando panfletos e a noite no ginásio de esportes apurando os votos...

E como ele fazia tudo o que queria (talvez você conheça alguém assim...), em 1990 tornou-se piloto comercial de helicóptero. E eu, do alto de meus incríveis 14 anos, se já era seu fã, me tornei o cara com o amigo mais especial do mundo. As lembranças dos vôos são inesquecíveis.

Em 1991 o mesmo helicóptero que nos deu tantas alegrias levou meu melhor amigo. Um acidente em Parati, uma explosão e apenas a carteira com sua identificação encontrada intacta, a 1 Km de distância. Acho que ele soube que iria nos deixar...

Esses dias tenho pensado muito no Marcelo. Acho que ele se tornou meu anjo da guarda, principalmente em alguns momentos bem difíceis da vida. Até fisicamente nos tornamos parecidos.

Pensando hoje no que me tornei, vejo que uma grande parte daquilo que gosto e faço deve-se a ele. Aprendi a tocar percussão e bateria (ele adorava e tinha todos os instrumentos), sou um roqueiro de carteirinha que gosta de Julio Iglesias (ele tinha todos os discos), e acho que aprendi a ter o mesmo jeito que ele tinha, de lidar com as pessoas que perderam o sorriso no rosto.

Primão, já faz 22 anos. E nesse tempo eu não me esqueci de você nem um momento sequer. Tenho tentado seguir com esse mesmo sorriso que você nos deixou nessa foto, seu último registro da vida. Para que ela seja tão boa e intensa como foi a sua curta passagem por aqui.




sexta-feira, 21 de junho de 2013

Só mais uma coleção de dias...


Estranho como em 36 anos de vida ela vai se configurando como um livro. Na realidade, mais do que um livro, eu diria que os dias da nossa passagem por aqui são como um álbum de figurinhas. Sempre vai existir a necessidade de completar uma página, um capítulo, o álbum, para que sejamos felizes.

Talvez o grande problema seja que nem sempre a gente consiga colar as figuras certas nos campos vazios. Ocupamos lugares com 2 estampas diferentes, ou quando achamos que conseguimos completar uma página, ela nos é arrancada e nem sempre é substituída. Pior é quando colecionamos dias demais para esquecer apenas de um período curto de nossas vidas, e nos enchemos de figurinhas repetidas.

Nesse tempo de vida, que não é muito, já completei tanta página... Mas acho que já rasguei a mesma quantidade, aproximadamente. Algumas delas porque fui precipitado (eu sou especializado em fazer coisas antes do tempo), outras porque talvez tivessem que desaparecer mesmo.

Vivi nesses milhares de dias que se sucederam um colégio que sempre sonhei, que preencheram as páginas 1991 a 1993 desse álbum, perdi meu melhor amigo em um acidente terrível de helicóptero, porém não o decepcionei quando cumpri meu objetivo de passar na faculdade no trecho 1997 desse livro ilustrado.

Ilustrei os anos seguintes com figurinhas puídas e sujas de giz, de uma carreira que tornou-se algo que quase se mistura à história da minha vida. Precipitei-me e vivi um quase casamento que arrancou todas as páginas destinadas aos amigos. Sorte que na minha coleção de dias que se passaram, consegui juntar todos outra vez.

Vi nessas últimas semanas a parte que cabia ao meu estado físico, que andava completamente deteriorada, ter as páginas podres arrancadas, uma por uma. Sei que ainda há muitas, que estão bem coladas, mas sempre podem ser substituídas. Ajuda não tem me faltado.

Porém quando achamos que o equilíbrio e a certeza de ter preenchido a página 1 do livro, a do amor (essa só tem uma única e intransferível figurinha), uma tempestade te tira do prumo, leva quase todo o álbum e te deixa com 2 ou 3 páginas, praticamente vazias.

Que os próximos pacotes de figurinhas não venham com muitas repetidas, preencham rápido as páginas e nos tragam o equilíbrio pra que a estampa do início do livro, que voou, um dia volte. E que o álbum se complete, não fique pela primeira...