terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O gringo




Eu sei que é normal sermos confundidos com alguém, apesar da vergonha que isso nos causa muitas vezes. É terrível quando você vai na certeza de que a pessoa é um conhecido, e ela te olha com aquele olhar de paisagem.

Mas pior é a minha situação. Não sou confundido com ninguém, apenas as pessoas acham que não sou brasileiro! Já fui confundido com turco, com americano, e,muitas vezes, acham que sou canadense.

Ok, tenho que reconhecer. Eu uso roupas importadas, boné do Miami Dolphins, sou gordo e fico parecendo um peru de tão vermelho no calor, mas isso não é tão anormal, frente à diferença de ascendência do povo brasileiro.

Incrível. Viajo para o exterior, é certeza de confusão. Em agosto, na volta de Miami, chegando à imigração em São Paulo, a inspetora não teve dúvida. Falou em inglês:
- Vocês dois, a fila da imigração estrangeira é a outra!

Nosso “ah, muito obrigado” desconcertou a moça, que tinha certeza que eu era americano.

Japão. Milhares de corinthianos fazendo compras. Na Apple Store designaram até alguns vendedores brasileiros que trabalhavam na loja para atendê-los. Menos pra mim! Entrei, com toda tranquilidade a moça veio nos dizer que era de São Francisco e perguntar de que parte dos Estados Unidos eu era. Surreal! Ela até assustou quando viu que era do Brasil.

Minas Gerais. Fomos a Inhotim, uma fazenda que abriga o maior acervo de obras de arte da América Latina. Chegamos, e a monitora já me olhou estranho. Nem precisa dizer:
- Vocês precisam de um guia bilíngue para seu amigo canadense?

Da série: não há limites para o pior... Rio de Janeiro. Trabalhávamos em uma ação da Petrobrás que montava uma festa para os atletas olímpicos, na Cinelândia. Correria para a montagem de tudo, algumas estavam atrasadas. Estou bem no centro da praça definindo algumas coisas quando um rapaz se aproxima:
- Hello, my name is Daniel and I would like to talk about our lord, Jesus Christ.

É claro que virei motivo de piadas por toda a semana.

E pra terminar, o motivo da inspiração. 7 Km de caminhada no parque debaixo de sol quente; depois de 20 dias de chuva até que estava gostando. Meia hora depois – também, havia percorrido quase 4 Km – estava completamente vermelho, quase um camarão. E no espaço silencioso das musicas de meu ipod:

- Ai Lourdes, acho que ele é gringo. Olha que vermelho, deve estar morrendo aqui.


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