Eu sei que é normal sermos confundidos com alguém,
apesar da vergonha que isso nos causa muitas vezes. É terrível quando você vai
na certeza de que a pessoa é um conhecido, e ela te olha com aquele olhar de
paisagem.
Mas pior é a minha situação. Não sou confundido com
ninguém, apenas as pessoas acham que não sou brasileiro! Já fui confundido com
turco, com americano, e,muitas vezes, acham que sou canadense.
Ok, tenho que reconhecer. Eu uso roupas importadas,
boné do Miami Dolphins, sou gordo e
fico parecendo um peru de tão vermelho no calor, mas isso não é tão anormal,
frente à diferença de ascendência do povo brasileiro.
Incrível. Viajo para o exterior, é certeza de
confusão. Em agosto, na volta de Miami, chegando à imigração em São Paulo, a
inspetora não teve dúvida. Falou em inglês:
- Vocês dois, a fila da
imigração estrangeira é a outra!
Nosso “ah, muito obrigado” desconcertou a moça, que
tinha certeza que eu era americano.
Japão. Milhares de corinthianos fazendo compras. Na
Apple Store designaram até alguns vendedores brasileiros que trabalhavam na
loja para atendê-los. Menos pra mim! Entrei, com toda tranquilidade a moça veio
nos dizer que era de São Francisco e perguntar de que parte dos Estados Unidos
eu era. Surreal! Ela até assustou quando viu que era do Brasil.
Minas Gerais. Fomos a Inhotim, uma fazenda que abriga
o maior acervo de obras de arte da América Latina. Chegamos, e a monitora já me
olhou estranho. Nem precisa dizer:
- Vocês precisam de um guia bilíngue
para seu amigo canadense?
Da série: não
há limites para o pior... Rio de Janeiro. Trabalhávamos em uma ação da
Petrobrás que montava uma festa para os atletas olímpicos, na Cinelândia.
Correria para a montagem de tudo, algumas estavam atrasadas. Estou bem no
centro da praça definindo algumas coisas quando um rapaz se aproxima:
- Hello, my name is Daniel
and I would like to talk about our lord, Jesus Christ.
É claro que virei motivo de piadas por toda a semana.
E pra terminar, o motivo da inspiração. 7 Km de caminhada no parque
debaixo de sol quente; depois de 20 dias de chuva até que estava gostando. Meia
hora depois – também, havia percorrido quase 4 Km – estava completamente
vermelho, quase um camarão. E no espaço silencioso das musicas de meu ipod:
- Ai Lourdes, acho que ele é
gringo. Olha que vermelho, deve estar morrendo aqui.
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