É muito interessante como somos
influenciados por pessoas e atitudes, e como isso é importante nessa vida. Na
música não é diferente. Bandas como U2, Van Halen e Depeche Mode têm dado o
rumo musical desses meus 36 anos. É claro que na adolescência quis ser um astro
do rock (e quem não queria nessa época?), por isso resolvi aprender a tocar
bateria.
O próximo passo é ter uma banda. Passei
por todo tipo de aventura, desde a banda cover até a minha própria (que nesses
últimos 6 anos anda um pouco parada, tenho que reconhecer).
E
como sempre, quando o acaso se faz presente, todo tipo de situação pode
acontecer. O problema é quando nos é reservada a vergonha alheia, essa é
insuperável.
Em outubro de 2007, fui convidado por um
conhecido para tocar em um festival de bandas que aconteceria no final do mês
seguinte. O rapaz havia me dito que estava sem banda, tinha um amigo guitarrista
e precisava de nossa ajuda. Expliquei a situação ao Adriano e ao Mário, nosso
tecladista, que aceitaram de imediato o convite para o show de rock’n’roll.
Tenho um amigo que tem um estúdio, quis
aproveitar a empolgação e já marcamos três horas para entrosarmos tudo. Para
começar, havíamos definido cinco músicas de repertório. Tudo certo.
Uma hora de espera pelos dois e nada. Ao
chegar, o candidato a guitarrista nem nos cumprimentou. Primeiro ligou pra mãe
e disse que havia chegado bem. Ao Dria caberia o olho piscando, mas acho que
ele resolveu deixar passar.
Primeira
música. Até hoje me recordo da contagem e da introdução, completamente
desencontrada. Um ruído insuportável de guitarra, completamente fora do tom.
Acho que por dó até tentamos seguir, mas não deu, seria uma injustiça muito
grande deixar o Adriano gastar sua voz perfeita naquilo. Paramos tudo.
- O que está
acontecendo? -
perguntei. A cara do rapaz procurando posicionar as mãos na guitarra nos deu um
tom assustador.
- Não está
achando o tom? É sol sustenido. - disse o Dria, com toda a boa vontade e paciência do mundo
em ajudar.
- Onde é? - perguntou o rapaz,
apontando para o braço da guitarra.
Foi desanimador. E desesperador. Só
queria levantar e ir embora. “Será que Ringo Starr passou por isso alguma vez
em sua vida?”, perguntei-me.
Graças à educação do Adriano, que pediu
para o rapaz desligar a guitarra e estudar na outra sala, e que ensaiássemos em
outra oportunidade (é claro que não haveria), me acalmei. E a única parte
realmente boa daquele dia foram as risadas que demos depois de tocar “A Whiter
Shade of Pale” com apenas um teclado, um vocal e uma batera quase desmontada.
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