domingo, 17 de fevereiro de 2013

Na trilha do sol sustenido





É muito interessante como somos influenciados por pessoas e atitudes, e como isso é importante nessa vida. Na música não é diferente. Bandas como U2, Van Halen e Depeche Mode têm dado o rumo musical desses meus 36 anos. É claro que na adolescência quis ser um astro do rock (e quem não queria nessa época?), por isso resolvi aprender a tocar bateria.

O próximo passo é ter uma banda. Passei por todo tipo de aventura, desde a banda cover até a minha própria (que nesses últimos 6 anos anda um pouco parada, tenho que reconhecer).

 E como sempre, quando o acaso se faz presente, todo tipo de situação pode acontecer. O problema é quando nos é reservada a vergonha alheia, essa é insuperável.

Em outubro de 2007, fui convidado por um conhecido para tocar em um festival de bandas que aconteceria no final do mês seguinte. O rapaz havia me dito que estava sem banda, tinha um amigo guitarrista e precisava de nossa ajuda. Expliquei a situação ao Adriano e ao Mário, nosso tecladista, que aceitaram de imediato o convite para o show de rock’n’roll.

Tenho um amigo que tem um estúdio, quis aproveitar a empolgação e já marcamos três horas para entrosarmos tudo. Para começar, havíamos definido cinco músicas de repertório. Tudo certo.

Uma hora de espera pelos dois e nada. Ao chegar, o candidato a guitarrista nem nos cumprimentou. Primeiro ligou pra mãe e disse que havia chegado bem. Ao Dria caberia o olho piscando, mas acho que ele resolveu deixar passar.

 Primeira música. Até hoje me recordo da contagem e da introdução, completamente desencontrada. Um ruído insuportável de guitarra, completamente fora do tom. Acho que por dó até tentamos seguir, mas não deu, seria uma injustiça muito grande deixar o Adriano gastar sua voz perfeita naquilo. Paramos tudo.

- O que está acontecendo? - perguntei. A cara do rapaz procurando posicionar as mãos na guitarra nos deu um tom assustador.

- Não está achando o tom? É sol sustenido. - disse o Dria, com toda a boa vontade e paciência do mundo em ajudar.

- Onde é? - perguntou o rapaz, apontando para o braço da guitarra.

Foi desanimador. E desesperador. Só queria levantar e ir embora. “Será que Ringo Starr passou por isso alguma vez em sua vida?”, perguntei-me.

Graças à educação do Adriano, que pediu para o rapaz desligar a guitarra e estudar na outra sala, e que ensaiássemos em outra oportunidade (é claro que não haveria), me acalmei. E a única parte realmente boa daquele dia foram as risadas que demos depois de tocar “A Whiter Shade of Pale” com apenas um teclado, um vocal e uma batera quase desmontada.



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