sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ghost Story



Saiu no final da tarde, sob o sol amarelo do meio do verão. Viu a estrada passar por horas, até quase o anoitecer.

Na bagagem levava todas as perguntas que respondeu “não”, todas as lembranças dentro de seus ossos, toda a verdade de seus atos. Não tinha certeza se deveria ter amado. Consigo todos os fantasmas de uma vida, sabia que não haveria exército no mundo que os derrubasse.

Não tinha pisado em nenhuma folha seca. Não havia quebrado nada, nem tinha machucados. Também não saberia a diferença de certo e confuso nem novo e usado.

Seguiu. Notou o sol lhe deixar e o anoitecer se aproximar.

Quanto mais se distanciava, mais as palavras o soterravam. Seus ritmos não floresceriam, os pássaros voariam para cada vez mais longe.

Lembrou-se do último novembro. Resolveu deixar suas lembranças junto com o verão, que ficava para trás. Seus dedos estavam gelados, sua vista turva, sentia-se um mastro sem vela.

Pensou bem.

E seguiu em direção ao inverno. Para quem sabe um dia voltar muito mais forte.


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