Saiu
no final da tarde, sob o sol amarelo do meio do verão. Viu a estrada passar por
horas, até quase o anoitecer.
Na
bagagem levava todas as perguntas que respondeu “não”, todas as lembranças
dentro de seus ossos, toda a verdade de seus atos. Não tinha certeza se deveria
ter amado. Consigo todos os fantasmas de uma vida, sabia que não haveria
exército no mundo que os derrubasse.
Não
tinha pisado em nenhuma folha seca. Não havia quebrado nada, nem tinha
machucados. Também não saberia a diferença de certo e confuso nem novo e usado.
Seguiu.
Notou o sol lhe deixar e o anoitecer se aproximar.
Quanto
mais se distanciava, mais as palavras o soterravam. Seus ritmos não
floresceriam, os pássaros voariam para cada vez mais longe.
Lembrou-se
do último novembro. Resolveu deixar suas lembranças junto com o verão, que
ficava para trás. Seus dedos estavam gelados, sua vista turva, sentia-se um
mastro sem vela.
Pensou
bem.
E
seguiu em direção ao inverno. Para quem sabe um dia voltar muito mais forte.
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