segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O caçador de andróides





- Acorde, é hora de morrer!

Incrível como algumas frases são marcantes na vida de uma criança. Com 9 anos, ouvi exatamente essa frase na chamada do filme que se tornou meu favorito: Blade Runner.

Mas minha história com o filme de Ridley Scott começaria apenas 5 anos depois. Não era comum no final dos anos 80 o acesso a tanta tecnologia. Vivíamos em um tempo em que era complicado ter até um vídeo cassete.

Enfim em 1989 consegui, numa das noites épicas na casa do Mauricio, vê-lo. Em preto e branco, vale ressaltar! Aquela fita de vídeo com a exibição da Globo – incluindo os comerciais – mudou pra sempre meu conceito sobre o cinema.

Qual a graça de um filme que se passa em 2019 e tem um ex-policial que caça androides ou replicantes – pessoas idênticas aos humanos, mas criadas em laboratório? Talvez todo o jeito peculiar com que foram retratados os personagens, o tempo que passava diferente, a fotografia da cidade retrofit, degradada pelo excesso de tecnologia. E a chuva, que sempre me apaixona, durante quase toda a história.

E Harrison Ford era o protagonista! O cara que fez o Han Solo estava brilhante na pele de Dick Deckard (na minha opinião, é seu melhor papel), envolvido em uma trama que era, na verdade, uma história de amor. A cena do início, que dá um panorama da cidade cinza com as pessoas comendo macarrão, é algo que ainda me fascina.

Se não bastassem todos os atributos, o diretor foi cirúrgico na escolha da trilha. Vangelis deu todo o ar daquele local futurista, mas que continha as mesmas emoções, dificuldades e angústias do ser vivo, replicante ou não.

Ao passar por Tóquio, em dezembro, foi incrível a sensação. Milhões de propagandas nas ruas, milhares de pessoas andando e falando ao mesmo tempo. E a chuva da noite... Tinha desembarcado em 2019!

Hoje, nesse fim de tarde cinza escuro, com uma chuva fininha e intermitente, lembrei-me de Deckard e de todos os seus sentimentos e a nostalgia dos filmes Cult, algo que infelizmente não voltam mais. E a frase do começo do vídeo abaixo que não me sai da cabeça...









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