Já faz alguns anos que meu primo Mauricio insiste na
busca pela origem de nossa família. E depois de pelo menos 10 anos de encontros
e desencontros, conseguimos nos dedicar a isso, inclusive para que pudéssemos
obter nossa cidadania europeia.
Tenho que reconhecer, fui menos assíduo do que meu
primo nesse processo. O Mauricio é o grande responsável em encontrar os
documentos de nossas mães, procurar parentes que tinham os documentos da
família, mas não queriam ser achados, fazer a pesquisa da cidade natal de
nossos avós e bisavós. Foi sua verdadeira caça ao tesouro.
Mas, como toda caminhada, tivemos alguns problemas. Em
um deles só o acaso poderia resolver. E foi isso que aconteceu.
Antes de tudo, preciso posicioná-lo, amigo leitor, em
uma versão resumida de tudo o que aconteceu. Minha família é de ascendência
húngara. Meus bisavós chegaram ao Brasil em 1927, com 3 de seus 4 filhos (uma
delas nasceria aqui no Brasil).
Porém um dos grandes problemas são as transcrições
errôneas de nomes e cidades de origem desses nossos familiares. Ainda pra piorar toda a situação, a Hungria perdeu a primeira guerra e
cedeu espaço de seu território à Sérvia, Croácia, Romênia, Tchecoslováquia e União
Sovietica. Enfim, o processo é longo e bem complicado,
praticamente um quebra-cabeças.
E o que quer dizer Bebadroski? Se você não sabe, não tem problema nenhum, porque nem o
Google sabe. Na busca pelos
documentos, minha tia liga e diz que a cidade de meu avô era Bebadroski. O comentário azedo, não meu
dessa vez, inevitável:
- Só se você estiver Bebadroski!
Pior de tudo é saber que a carteira de estrangeiro do
vovô tinha mesmo como cidade natal: Bebadroski!
E quem acha agora a tal da cidade? Graças à ajuda de um grande amigo no
consulado húngaro, o Gabor, o mistério foi desvendado. Em uma busca quase surreal,
eu, o Mauricio e o Gabor passamos uma manhã inteira procurando em um livro
cidades que tinha pronúncia parecida com a tal Bebadroski. Nada...
Algumas semanas depois, nosso amigo Gabor, em um
almoço, nos sugere que talvez Bebadroski
fosse uma abreviação. Imagine a cena, um escrivão registrando os imigrantes que
acabaram de desembarcar do navio, falando húngaro. Era de se esperar que se
escrevesse qualquer coisa no documento.
E não é que o deus
Gabor da imigração hungaresa estava certo. Bebadroski poderia ser B.
Badroski! Mais uma manhã de café e busca no livro das cidades da Hungria.
Encontramos uma cidade chamada Batinjani
Podborski. B. Podborski? Era
possível.
Um telefonema e contratamos um despachante na
Hungria, que rodou 700 Km para verificar no cartório da cidadela se lá estava o
meu avô. E em um vilarejo de incríveis 8 casas, descobrimos onde a família Kerekes teve seu segundo filho. Estava
desvendado nosso mistério.
Ainda não sabemos se temos parentes na Hungria nem se
todas as casas existem. Mas em julho já combinamos: temos que visitar lugar tão
escondido e peculiar. E aí, vamos a
Bebadroski?
Batinjani Podborski - 2012
Minha bisavó Rozalia, Minha tia avó Barbara e meu bisavô Sandor Kerekes
Muito legal!
ResponderExcluirOba! Foi ótimo conhecer as histórias de nosso avós e bisavós, será mesmo inesquecível. Um beijo e obrigado!
ExcluirPoxa muito bacana. Estou vivendo uma situação similar. Sucesso para vcs!
ResponderExcluirTaisa! Muito obrigado
ExcluirUm abração
Olá! Sensacional o seu relato. Também estou passando pelo processo de buscas da cidade de origem dos meus avós. Realmente a ajuda do Sr. Gábor é indescritível. Mesmo sem eu ter nenhuma ideia da origem da cidade dos meus antepassados, ele continua perseverante nas buscas. Parabéns pelo sucesso na busca da origem de suas raízes. Um forte abraço.
ResponderExcluirObrigado Cibele! Não desista, porque eu também achava quase impossível encontrar, mas no fim conseguimos! Um abração
ExcluirOlá, estava revendo sua história. Conheci o Gabor, a partir do Consulado da Hungria em SP. Ainda não conseguimos achar os documentos dos meus avós, pelos menos sabemos que devem ser da região da Transilvânia. Abraço, Sergio.
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