Sou comilão. Seria deselegante e completamente
mentiroso dizer que, pesando 125
Kg, eu não gosto de comer. E, com raríssimas exceções,
todo mundo tem um certo prazer em comer, principalmente aquilo de que mais
gosta.
Confesso que não era muito fã de doces, trocaria
qualquer sobremesa por um suculento bife à parmegiana. Mas essa situação mudou
desde o ano passado.
Em agosto viajei a Miami. E tenho um amigo, a
tranquilidade em pessoa, que sempre falava dos tais donuts que fabricavam perto de sua casa, aqueles que derretem na
boca. Pensei:
- Tá bom, mais uma de suas histórias.
E queimei a língua (nos dois sentidos). A fábrica
existia, os donuts eram quentinhos e
derretiam na boca. Paixão instantânea de gordo. Do alto do letreiro guardei o
nome pra sempre: Krispy Kreme.
Seria covardia tentar descrever a sensação,
comparando com o que chamam de donuts
aqui no Brasil. O doce era frito na hora, passava por uma calda de açúcar e ia
direto pro pacote. Ah, a vendedora ainda pedia desculpas porque estavam muito quentes...
E assim passei felizes 8 dias dirigindo 2 quilômetros todas
as noites até a fábrica de delícias. Pasmem: voltei pro Brasil com 12 na mala!
E claro, da série não se sabe por que
acontece, fui parado na alfândega e tive que explicar o porquê das
guloseimas na bagagem (apesar de achar que meu tamanho valia por mil palavras).
Em dezembro fui ao Japão. Ver meu time do outro lado
do mundo e visitar um lugar tão lindo já era o bastante pra mim. Fui visitar Shibuya, a cidade do cachorro Hachiko, e na entrada do shopping vejo o
anúncio: era o Krispy Kreme japonês.
Passar a tarde saboreando o doce teria sido algo
comum, se não fosse a cara de um dos habitantes locais ao ver dois turistas
morrendo de rir com 12 donuts em cima
da mesa (levamos 8 deles pra viagem).
Desejos realizados, compras feitas, Corinthians
campeão do mundo! Ainda tínhamos uma escala em Istambul, um lugar lindo, antes
do regresso a São Paulo. Uma noite pra se aproveitar muito. Paramos pra comer e
escuto o Mauricio, meu primo e sócio:
- Nem vou te falar nada...
A foto abaixo acho que ilustra o final da história.
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