terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Esta noite teremos que ganhar... (parte 2)


Veja a primeira parte do post aqui

16/12/12: era a final. Corinthians e Chelsea, direto de Yokohama. Evitamos os ônibus da torcida, estava muito apreensivo pra isso. Decidimos não tomar café no hotel, não queria ouvir os comentários e os palpites da torcida. O coração já estava na boca desde cedo. Naquele dia não consegui ligar pra casa, a apreensão tornou-se maior.

Depois de um café da manhã em uma padaria do Japão, voltamos ao hotel. Tentei fazer de tudo pra que a hora passasse, em vão. Meio dia, decidimos caminhar à estação de trem e almoçar no caminho.

Duas horas nos separavam de Yokohama E às 4 horas chegávamos ao estádio. Não sem antes atravessar uma passarela lotada de corinthianos. Bandeiras, camisas, gritos da torcida, uma energia que nos levava de volta à São Paulo.

A partida preliminar foi o jogo mais demorado que assisti em minha vida. E após um breve intervalo para um lanche – confesso que não lembro o que era, já estava “anestesiado” – os times estavam em campo.

Jogo duro no começo. Chelsea com alguns bons ataques. Corinthians um pouco preso na defesa, ameaçou alguns chutes, mas só. No final do primeiro tempo, um escanteio, uma bola que sobrava na área do Timão, um chute certeiro de Fernando Torres... E para alegria de todos os 30 mil alvinegros: Cássio defenderia. Foi a primeira de muitas defesas que o goleiro – melhor jogador da partida e do campeonato – faria naquele dia.

Intervalo. Aquele momento em que você não sabe mais se quer ou não quer que o jogo recomece. Ninguém se mexia. 15 minutos que pareciam 100. Os times começavam a retornar.

Segundo tempo. A máxima corinthiana de 2012 estava de volta. Uma defesa sólida, ataques bem estruturados, aos poucos, foi a tônica dos primeiros 20 minutos.

E eu, bem em frente ao gol do fundo do estádio, vi uma bola sobrar nos pés de Emerson, que passou para Paulinho. O meia corinthiano deixou a bola para que Danilo chutasse...O zagueiro salvaria. E a bola caprichosamente subiria para a cabeçada certeira de Paolo Guerrero: era o gol do título.

O frio na barriga tornou-se uma falta de ar e um quase desequilíbrio das pernas. O estádio explodiu! Vi o filme de todas as finais que assisti: 1990, 2000, 2005... Torcedores do mundo se abraçaram, japoneses ou brasileiros, pessoas que conhecíamos ou não.

É claro que não seria especial se não fosse sofrido. Nunca ia ter o mesmo gosto. Repeteco de todos os jogos do timão em 2012, a defesa estaria pronta para salvar tudo aquilo que viesse ao seu gol. Cássio, na melhor atuação de sua vida, fez defesas que nunca tinha feito na carreira. Um gol impedido calaria e depois ensurdeceria o estádio. O jogo não acabava...

E depois de uma bola na trave (sim, faria parte do sofrimento final) o árbitro toma a bola em mãos e apita. Não há mais frio na barriga, nem apreensão, nem ansiedade. Era hora de gritar. E eu gritei: Corinthians, bi campeão mundial!

O que se viu nos dias seguintes é pura história. A noite de Tóquio tomada pelo bando de loucos, a manhã do Brasil onde o trânsito e a vida pararia. E na minha lembrança fica um retorno ao hotel de muitos “Vai Corinthians” e “É campeão”. Era o bicampeonato do mundo. E eu estava lá, há exatamente 1 ano.

“Vamos... Vamos Corinthians...
Esta noite, teremos que ganhar...”

E ganhou!



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