E ao sair na caminhada daquele dia, o sol forte o
esperava. Sabia que tinha de enfrentá-lo, não era mais possível se esconder em
meio aos dias escuros e solitários.
Logo ao sair, encontrou uma árvore caída em seu
caminho. Imaginou que talvez fosse possível desviar. Conseguiu. Notou que
aquela era a primeira de muitas que deixaria pra trás. Já havia derrubado
tantas delas e nem tinha sequer notado.
Percebeu que muitos haviam ficado pelo caminho, e que
não seriam vistos de novo. E notou que alguns já tinham seguido e o deixado pra
trás. Apesar de ter vontade de alcançá-los, percebeu que a perseguição era
bobagem. Mesmo que conseguisse não seria mais o momento de estarem juntos. Era
passado.
Foi inevitável perceber que seus caminhos passavam
por uma estrada de terra e lama. A grama dos campos não crescera há
muito tempo, mas só agora havia se dado conta. Viu outra árvore cair em seu
caminho.
Quanto mais avançava, maior era a percepção de que
seus atos estavam no passado. Não se arrependia do que era, mas havia perdido a
mesma vontade de antes. Estava muito longe do mundo real, e isso o preocupava.
Ainda lhe restava algum tempo. Só esse tempo poderia
lhe devolver os campos verdes, o chão seco e as árvores floridas novamente. Não
podia esperar muito, qualquer deslize o deixaria escondido num mangue escuro e
úmido, talvez sem saída.
A vida agora estava somente à sua frente, apenas de
cara pro vento.
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