sábado, 16 de março de 2013

Seguir?


E ao sair na caminhada daquele dia, o sol forte o esperava. Sabia que tinha de enfrentá-lo, não era mais possível se esconder em meio aos dias escuros e solitários.

Logo ao sair, encontrou uma árvore caída em seu caminho. Imaginou que talvez fosse possível desviar. Conseguiu. Notou que aquela era a primeira de muitas que deixaria pra trás. Já havia derrubado tantas delas e nem tinha sequer notado.

Percebeu que muitos haviam ficado pelo caminho, e que não seriam vistos de novo. E notou que alguns já tinham seguido e o deixado pra trás. Apesar de ter vontade de alcançá-los, percebeu que a perseguição era bobagem. Mesmo que conseguisse não seria mais o momento de estarem juntos. Era passado.

Foi inevitável perceber que seus caminhos passavam por uma estrada de terra e lama. A grama dos campos não crescera há muito tempo, mas só agora havia se dado conta. Viu outra árvore cair em seu caminho.

Quanto mais avançava, maior era a percepção de que seus atos estavam no passado. Não se arrependia do que era, mas havia perdido a mesma vontade de antes. Estava muito longe do mundo real, e isso o preocupava.

Ainda lhe restava algum tempo. Só esse tempo poderia lhe devolver os campos verdes, o chão seco e as árvores floridas novamente. Não podia esperar muito, qualquer deslize o deixaria escondido num mangue escuro e úmido, talvez sem saída.

A vida agora estava somente à sua frente, apenas de cara pro vento.

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