terça-feira, 19 de março de 2013

CD Store



É interessante como algumas coisas nos acompanham por toda a vida. Desde a infância, lembro-me de ser apaixonado por música. E esse gosto, que me acompanha até hoje, teve várias etapas.

1993. No último ano do colegial as turmas de amigos já estavam mais do que definidas. Cada um tomava parte do grupo de que mais gostava, desde os arrumadinhos, passando pelos esportistas e pelos excluídos. Eu era da turma que era fã de música.

E essa paixão aumentou quando, em uma das minhas caminhadas no centro de São Bernardo do Campo, entrei em uma loja semiaberta, sem letreiro, mas com algumas vitrines repletas de CDs:

- Só abriremos amanhã - disse o vendedor cabeludo.
- Posso apenas dar uma olhada?

Ao entrar naquele lugar, onde todos os discos que havia sonhado ter estavam reunidos, sabia que, enquanto aquela loja existisse, eu estaria lá. Tanto é que comprei um deles naquele mesmo dia, e me tornei o cliente zero do lugar.

E em boa parte daquele ano, após sair do colégio, passei minhas tardes conhecendo novas bandas, novos discos, descobrindo a história de boa parte do rock´and´roll que conheço hoje em dia. É claro que me tornei amigo de todos os vendedores.

Chegamos a um ponto em que eu já sabia a data dos pedidos pra encomendar os CDs, já ajudava a vender quando a loja estava lotada, ou atendia o telefone quando todos estavam ocupados. Lembro-me das noites de videogame aqui em casa depois do expediente.

Assim passaram-se muitos anos. Minha coleção de discos explodiu, a loja aumentou e ganhou uma filial em um shopping. Não tinha o mesmo charme, mas quem se importava? Tínhamos os amigos, os discos, tudo de que precisávamos. Eu continuava sendo o cliente zero!

Porém um assalto em meados dos anos 2000 acabara com o nosso encanto. O medo e as mudanças constantes na vida de todos levaram a CD Store ao fim de suas atividades, bem em uma época em que a música digital - sem glamour, sem encarte e sem direitos autorais - começava a aparecer no mundo.

Os vendedores se separaram, os clientes - zero, ou um, ou dez mil - ficaram desamparados. Nunca mais o ABC paulista teve um lugar onde se encontravam tantos títulos em CD, bom atendimento e amizade. E acho que consigo contar nos dedos os discos que comprei desde então.

Prefiro acreditar que a loja não fechou, que os amigos e os vendedores ainda estarão lá e que, se eu ligar no velho 4125-2566 ainda vou ouvir:

- CD Store bom dia!


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