É interessante como algumas coisas nos acompanham por
toda a vida. Desde a infância, lembro-me de ser
apaixonado por música. E esse gosto, que me acompanha até hoje, teve várias
etapas.
1993. No último ano do colegial as turmas de amigos
já estavam mais do que definidas. Cada um tomava parte do grupo de que mais
gostava, desde os arrumadinhos, passando pelos esportistas e pelos excluídos.
Eu era da turma que era fã de música.
E essa paixão aumentou quando, em uma das minhas caminhadas
no centro de São Bernardo do Campo, entrei em uma loja semiaberta, sem letreiro, mas com algumas vitrines repletas de CDs:
- Só abriremos amanhã - disse o vendedor cabeludo.
- Posso apenas dar uma
olhada?
Ao entrar naquele lugar, onde todos os discos que
havia sonhado ter estavam reunidos, sabia que, enquanto aquela loja existisse,
eu estaria lá. Tanto é que comprei um deles naquele mesmo dia, e me tornei o
cliente zero do lugar.
E em boa parte daquele ano, após sair do colégio,
passei minhas tardes conhecendo novas bandas, novos discos, descobrindo a
história de boa parte do rock´and´roll que conheço hoje em dia. É claro que me
tornei amigo de todos os vendedores.
Chegamos a um ponto em que eu já sabia a data dos
pedidos pra encomendar os CDs, já ajudava a vender quando a loja estava lotada,
ou atendia o telefone quando todos estavam ocupados. Lembro-me das noites de
videogame aqui em casa depois do expediente.
Assim passaram-se muitos anos. Minha coleção de
discos explodiu, a loja aumentou e ganhou uma filial em um shopping. Não tinha
o mesmo charme, mas quem se importava? Tínhamos os amigos, os discos, tudo de que
precisávamos. Eu continuava sendo o cliente zero!
Porém um assalto em meados dos anos 2000 acabara com
o nosso encanto. O medo e as mudanças constantes na vida de todos levaram a CD Store ao fim de suas atividades, bem
em uma época em que a música digital - sem glamour, sem encarte e sem direitos
autorais - começava a aparecer no mundo.
Os vendedores se separaram, os clientes - zero, ou
um, ou dez mil - ficaram desamparados. Nunca mais o ABC paulista teve um lugar
onde se encontravam tantos títulos em CD, bom atendimento e amizade. E acho que
consigo contar nos dedos os discos que comprei desde então.
Prefiro acreditar que a loja não fechou, que os
amigos e os vendedores ainda estarão lá e que, se eu ligar no velho 4125-2566
ainda vou ouvir:
- CD Store bom dia!
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