sexta-feira, 29 de março de 2013

Esses são os dias da minha vida

                                                 Foto: Amanda Duarte


Quando somos crianças, temos os objetivos mais estranhos na vida: sermos bombeiros, super-heróis, astronautas ou pilotos de corrida. Com o passar dos anos, o início da adolescência vai mudando nossos rumos.

Por volta dos 12 anos, decidiremos ser médicos, se virmos um daqueles cirurgiões realizando uma super operação. Talvez um jornalista, logo na semana seguinte, caso apareça algum que dê aquela notícia emocionante na televisão; ou qualquer outra profissão que esteja em nossa cabeça naquele momento. Eu ouvi desde menino:

- Sabe que você leva jeito pra ser professor?

Essas palavras - que vieram pela primeira vez de minha professora do ginásio - talvez tenham trilhado o caminho da minha vida.

Logo que saí do ensino médio, arrumei como um passatempo - no próprio colégio em que eu estudava - algumas aulas de reforço, que acabaram virando um curso de revisão durante quase todo o ano seguinte.

Depois da frustração de não ingressar no curso de jornalismo, o tom do meu segundo ano de cursinho foi inteiramente de ajuda aos amigos que tinham dificuldades em exatas. Essas tardes, que foram mais de aprendizado do que de explicações, me levaram ao curso de engenharia química, naquele mesmo ano.

E talvez por mais um dos caprichos do acaso, tornei-me amigo de um rapaz que era plantonista do cursinho em que havíamos estudado:

- Você leva jeito para ser professor de cursinho. Vamos tentar?

Após a entrevista, descobri que só poderia ser contratado quando houvesse vagas, e talvez isso não acontecesse tão prontamente. Ao passar pela saída da sala dos professores, convencido de que talvez meu futuro não estivesse lá, encontrei meu ex- professor e supervisor da cadeira de matemática:

- Olá! Veio nos visitar?
- Vim tentar uma vaga no plantão de química, mas não há disponíveis.
- Você não quer trabalhar na matemática? Estamos precisando.

Ao resolver uma prova naquela mesma hora, e apresentar uma aula teste na semana seguinte, em 1998 deixei de ser o “Marquinhos”, conhecido pelos amigos da faculdade, e me tornei Prof. Vinicius.

E após alguns poucos anos de plantão de dúvidas, ouvi desse mesmo chefe que eu levava jeito para lecionar nas salas do curso, e que eu substituiria um professor que estava doente naquele semestre. Esse caminho me deixou por mais 10 anos como professor de lá.

Em 2005 minhas atenções e meu coração seriam divididos entre dois lugares. Meu novo emprego, em um colégio e cursinho com pouquíssimos alunos, totalmente acolhedores, me cativou definitivamente. E em 2008 fiz minha escolha. Uma das melhores da minha vida, felizmente.

Nove anos depois: novos rumos surgiram, mas meu coração fez com que fosse impossível deixar de fazer aquilo que amo. Agora em novos lugares, com muitos amigos e pessoas que sempre acreditaram, assim como eu, que colocamos nosso coração em cada frase ou equação escrita em uma lousa.

E assim deixei pra trás minha carreira (realizada ou não) de piloto de avião, jornalista, empresário e engenheiro químico. Porém, a cada sorriso de um estudante na sala de aula, ou mesmo um simples telefonema de um ex-aluno dizendo que foi aprovado para uma vaga numa empresa multinacional, e que se lembrou de várias coisas que eu dissera a ele, na entrevista, tenho certeza de que valeu a pena seguir.

Talvez eu até leve jeito...


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