Em 1995 eu tinha 18 anos. E em 1995 as coisas eram
completamente diferentes do que são hoje. Não havia TV a cabo, internet, os
telefones celulares eram coisas absurdamente gigantes e caras.
Naquela época nossos maiores divertimentos eram nossos
recém-comprados aparelhos de CD e as séries da televisão – que ainda
engatinhavam no Brasil. E a trilha sonora de uma dessas séries me colocou no
caminho de um de meus programas de TV favoritos.
Anos Incríveis
era uma série de televisão que mostrava a vida da família Arnold no subúrbio
dos Estados Unidos, no final da década de 60. Por trás do personagem principal,
o caçula Kevin, todos os desafios de um adolescente. Seus medos, sua vontade de
crescer, suas paixões.
Narradas por um Kevin agora adulto e casado, eram lembranças
de uma vida como a nossa, que nos emocionavam, nos deixavam tristes, felizes.
Quase um retrato da vida com cerca de 25 minutos de duração, recheados de clássicos
musicais dos anos 60 e 70, que iam desde A
Little Help from my Friends, abertura interpretada maravilhosamente por Joe
Cocker, passando pelos Roling Stones e pelos Beatles.
De certa forma, aquele programa diário, às 20h na TV
Cultura, me transportava para um universo que eu também vivia. Assim como no
seriado, também tive a ansiedade pelo primeiro carro, também tive uma banda de
garagem, os medos de quem se apaixonava pela primeira vez, ou qual rumo seguir
com o término do colegial.
Além disso, também conheci situações que nunca
passaria nessa vida: o duro fardo de ser o caçula de uma família com um
desmiolado irmão mais velho (agradeço por ser filho único), uma irmã hippie, um
pai ausente e uma mãe que vivia em seu próprio mundo de Oz.
E foi com essa mensagem que descobri que muitos dos
adolescentes daquela época tinham os mesmos valores que eu: aprendiam a
respeitar e ouvir os mais velhos, descobriam que os professores ensinavam mais
do que uma simples aula de matemática, que o amor era inesperado e
imprevisível, só temos que entrar com o coração, e esperar que tudo dê certo.
Há algumas semanas tenho assistido novamente aos
episódios das 6 temporadas exibidas entre 1987 e 1992. E hoje, vendo o Kevin
Arnold narrar seus episódios de sua adolescência, me senti exatamente do mesmo
lado, escrevendo minhas memórias de menino neste blog.
Com a certeza de - assim como ele - ter vivido
maravilhosas histórias dessa época para poder contar.
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