sexta-feira, 5 de abril de 2013

Anos incríveis




Em 1995 eu tinha 18 anos. E em 1995 as coisas eram completamente diferentes do que são hoje. Não havia TV a cabo, internet, os telefones celulares eram coisas absurdamente gigantes e caras.

Naquela época nossos maiores divertimentos eram nossos recém-comprados aparelhos de CD e as séries da televisão – que ainda engatinhavam no Brasil. E a trilha sonora de uma dessas séries me colocou no caminho de um de meus programas de TV favoritos.

Anos Incríveis era uma série de televisão que mostrava a vida da família Arnold no subúrbio dos Estados Unidos, no final da década de 60. Por trás do personagem principal, o caçula Kevin, todos os desafios de um adolescente. Seus medos, sua vontade de crescer, suas paixões.

Narradas por um Kevin agora adulto e casado, eram lembranças de uma vida como a nossa, que nos emocionavam, nos deixavam tristes, felizes. Quase um retrato da vida com cerca de 25 minutos de duração, recheados de clássicos musicais dos anos 60 e 70, que iam desde A Little Help from my Friends, abertura interpretada maravilhosamente por Joe Cocker, passando pelos Roling Stones e pelos Beatles.

De certa forma, aquele programa diário, às 20h na TV Cultura, me transportava para um universo que eu também vivia. Assim como no seriado, também tive a ansiedade pelo primeiro carro, também tive uma banda de garagem, os medos de quem se apaixonava pela primeira vez, ou qual rumo seguir com o término do colegial.

Além disso, também conheci situações que nunca passaria nessa vida: o duro fardo de ser o caçula de uma família com um desmiolado irmão mais velho (agradeço por ser filho único), uma irmã hippie, um pai ausente e uma mãe que vivia em seu próprio mundo de Oz.

E foi com essa mensagem que descobri que muitos dos adolescentes daquela época tinham os mesmos valores que eu: aprendiam a respeitar e ouvir os mais velhos, descobriam que os professores ensinavam mais do que uma simples aula de matemática, que o amor era inesperado e imprevisível, só temos que entrar com o coração, e esperar que tudo dê certo.

Há algumas semanas tenho assistido novamente aos episódios das 6 temporadas exibidas entre 1987 e 1992. E hoje, vendo o Kevin Arnold narrar seus episódios de sua adolescência, me senti exatamente do mesmo lado, escrevendo minhas memórias de menino neste blog.

Com a certeza de - assim como ele - ter vivido maravilhosas histórias dessa época para poder contar.








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